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Edney Rangel Torres |
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Edney Rangel Torres |
Minha experiência
na França...
Um ano e sete meses de muito aprendizado, conhecimento, cultura,
diversão e trabalho.
Tudo começou quando fui selecionado no concurso nacional
da Embaixada da França no Brasil para o posto de Assistente de Professor de
Língua Portuguesa 2010 em três escolas na França, os Liceus Evariste Galois (Sartrouville), Saint
Exupéry (Mantes-la-Jolie) e o Colégio Guy
de Maupassant (Houilles) pela Academia de Versalhes. Com uma carga horaria
de 12 horas semanais, utilizava o resto do tempo para conhecer os pormenores da
cultura francesa. Um processo de ensino/aprendizagem desenvolvido ao longo do
ano escolar com os alunos, professores, funcionários dos estabelecimentos e
também com os demais Assistentes de Línguas Estrangeiras de outros países. Uma
excelente oportunidade de divulgar a cultura brasileira, mostrar o que nós
temos de melhor e desconstruir preconceitos tais como o “Brasil é só samba,
futebol e mulher”.
Na sala
de aula encontrei vários desafios: ensinar a língua portuguesa como língua
estrangeira (para alunos descendentes de portugueses, cabo-verdianos,
brasileiros e franceses), fazer o paralelo entre a norma portuguesa e a norma
brasileira, conhecer o sistema educacional francês, interagir com os estudantes
e promover aulas de interesse dos alunos. Com muito esforço e dedicação o trabalho
foi realizado com sucesso. Mas, a aventura na França não acaba por aqui!
Três
meses antes do visto expirar, fui até a prefeitura da cidade onde eu morava e
pedi informações sobre a “Carte de Séjour”, permissão para residir legalmente
no país. Para isto, era preciso comprovar residência e ter um contrato de
trabalho de duração mínima de um ano. Ao terminar o contrato de Assistente de
Professor, trabalhei como Assistente de Educação na Escola La Bussie (Vauréal),
na função de supervisor controlando o acesso e a saída dos alunos a escola, durante
os intervalos e quando necessário fazia contato com os pais dos alunos
solicitando justificativa da ausência dele(s). Neste trabalho, aprendi mais
sobre a educação e o regimento interno das escolas na França. Porém, a duração
do contrato era inferior à requerida pela prefeitura para a solicitação da
“Carte de Séjour”.
Depois
de muita procura encontrei um Contrato de Duração Indeterminada (CDI) na
empresa SOREST, uma empresa especializada em produtos naturais e pratos para
bebês e pessoas idosas que têm dificuldades em mastigar. Com este contrato pude
permanecer legal no país por mais um ano. Nesta empresa, comecei como motorista
de entrega de refeições em escolas, creches, prefeituras e casas de repouso
para idosos. Duas semanas depois, foi promovido a um cargo de responsabilidade
na empresa. Desde então, passei por uma formação de capacitação para o posto,
onde controlava todos os produtos, desde a recepção, armazenamento, produção,
embalagem, preparação das encomendas e envio para os clientes. Um posto que
exigia muita atenção, responsabilidade e cuidado no manuseio dos produtos
alimentícios.
Neste
mesmo período, fui aprovado em três universidades (Sorbonne Nouvelle Paris 3,
Nanterre Université e Paris Diderot) para fazer o Mestrado em Didática de
Línguas, no entanto, com este novo contrato, não pude cursar o mestrado, pois
as aulas chocavam com o horário de trabalho.
Contudo,
esta viagem foi sem dúvida a maior experiência que já vivi! Além do crescimento
profissional, tive um grande crescimento pessoal, conheci pessoas incríveis e
únicas, aprendi a “me virar” sozinho, aprendi a ser pontual e desenvolvi muitas
qualidades éticas e morais. Uma experiência a reviver!
Edney
Rangel Torres
Formado
em Letras com Francês
pela Universidade Estadual de Feira de Santana.
Contato:
ertorres@live.fr