sexta-feira, 1 de outubro de 2010

AMOS GITAI UM CINEASTA NAS RUAS DE SALVADOR

Laurent Truchot e Amos Gitai no MAM - Bahia
Amos Gitai passeia na Feira de São Joaquim
Amos Gitai sempre com a câmera na mão...

Com a jornalista Deolinda Vilhena e o produtor Laurent Truchot
Legumes, frutas, verdura e cores chamavam atenção
Na Sala de Arte-Cine Vivo com Bernard Attal e Deolinda Vilhena
Com Irène Kirsch, Sofia da SECULT e Marcelo da Sala de Arte-Cine Vivo
Com Vavá, Irène e Márcio no caruru dos santos
Com Zebrinha e Márcio Meirelles na sede do Balé folclórico da Bahia
Passeio pelas ruas do Pelô em companhia de M. le Secretaire
Amos e Marcio em papo animado a caminho do Caruru dos santos
Balançando o Pelô em companhia de Márcio, Laurent e Suzana

Amos passeia pela Igreja do Passo
As escadas da Igreja do Passo fotografadas por Amos Gitai
Fotos Irène Kirsch
Um cineasta sem fronteiras
O cineasta israelense Amos Gitai está no Brasil à convite da Embaixada da França e da Culturesfrance – órgão encarregado da promoção da cultura francesa no exterior – para acompanhar uma retrospectiva de sua magnífica obra nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Patrocinada pelo governo francês, a viagem de Amos ao Brasil é um exemplo do melhor que a França oferece ao mundo e prova do quanto o cinema francês é um cinema aberto para o mundo.
Dono de uma filmografia que inclui obras-primas como “Kadosh” e “O Dia do Perdão”, Amos firmou-se no circuito internacional como um dos grandes do cinema político, ao lado de Costa-Gavras e Ken Loach.
Nascido em 1950 em Haifa, dois anos depois da criação do estado de Israel, Amos Gitai realizou cerca de quarenta filmes, entre documentários e ficção, que exploram a história de Israel e do Oriente Médio e são testemunhas de sua trajetória interna, abordando temas como o exílio, a fronteira, a religião, a utopia e a noção de lar.
Filho de um arquiteto da Bauhaus, que emigrou para Israel e adotou o sobrenome Gitai que significa “o que tira o suco da uva, o que prepara o vinho”. Do avô, veio a idéia de dar-lhe o nome de Amos, o mais socialista dos grandes profetas judeus. Reza a lenda que o nome faz o homem, no caso de Amos Gitai ele estava predestinado a ser um um cineasta de esquerda.
Em 1983, depois dos polêmicos House e Field Diary, mudou-se para Paris, retornando Israel apenas quando da eleição de Yitzhak Rabin, mas não perdeu o contato com o país, e a maioria de seus filmes são coproduções entre Israel e a França.
Hoje divide-se entre Tel Aviv e Paris, na verdade mora no mundo, num mundo sem fronteiras, chegou há cinco dias no Brasil, estava no Festival de Haifa, depois de passar por Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre, retorna a Paris onde será homenageado em grande estilo no Beaubourg.
Na verdade, Amos completa 60 anos no próximo dia 11 de outubro e o Ministro da Cultura da França, Frédéric Mitterrand, ao lado de Alan Seban, presidente do Centro Pompidou, presta uma homenagem ao cineasta no dia 12 de outubro, com a exibição de seu filme “Carmel”, com direito a presença da equipe do filme e a fina flor da intelectualidade francesa. A França sai na frente e oferece as honras devidas a esse que é, sem dúvida, o maior cineasta israelense de todos os tempos e um dos grandes nomes do cinema internacional.
Se tudo der certo Amos volta ao Brasil ainda este ano, atendendo convite do amigo Leon Cakoff, criador do mais antigo festival internacional de cinema no Brasil, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, realizada anualmente desde 1977, sempre no mês de outubro. Até o final do ano ele tem na agenda viagens à China e ao Japão. Rodinha nos pés é pouco para ele...asas tornariam sua vida mais fácil.
Sua programação em território brasileiro foi intensa. Na Bahia com a coordenação da Adida cultural da França, Irène Kirsch em parceria com o circuito da Sala de Arte e pela Secretaria de Estado de Cultura do Governo da Bahia, incluiu a exibição de três filmes de Amos Gitai na Sala de Arte Cine Vivo de 24 a 27 de setembro. Mas o ponto alto foi o encontro do cineasta com o público baiano na noite de 28 de setembro, pilotada pelo cineasta francês radicado na Bahia, Bernard Attal e por essa colunista de vocês.
No Rio de Janeiro Amos é um dos destaques do Festival International de Cinema, e foi programada uma retrospectiva de 10 filmes, entre os quais Alila, Kippur - o dia do perdão, Esther, News From Home, Free Zone, Kadosh, Kedma, Berlin Jerusalém, Golem o espírito do exílio e Aproximação.
Na sequência Amos estará em Porto Alegre onde a Aliança Francesa e o Santander Cultural – belíssimo centro cultural no centro da cidade onde ministrei com muito orgulho minha oficina de Introdução à produção teatral durante o Poa em cena – organizaram uma Mostra Especial composta por algumas obras inéditas para os gaúchos, algumas das quais serão exibidas apenas uma vez. Entre essas maravilhas, dois filmes da Trilogia do Exílio contam com a participação da companhia Tanztheater Wuppertal de Pina Bausch.
De quebra Amos participará de dois encontros com o público, amanhã, sábado, em sessão comentada por ele de “Kadosh – Laços sagrados” e domingo, com a participação mais do que especial de Moacyr Scliar e de Laurent Truchot, produtor de Amos. Depois de três semanas produzindo o maior festival de teatro da América Latina, estou certa de que Porto Alegre receberá comme il faut Amos Gitai. Confesso que já dei minha contribuição agendando um encontro de Amos com Luciano Alabarse, o que conheço dos dois me autoriza a dizer que Porto Alegre só terá a ganhar se essa dupla engrenar. Aguardemos pois boas novas.
Um sabra nas terras do Senhor do Bonfim
A sensação que tenho após dois dias ao lado de Amos Gitai é a de ter conhecido um verdadeiro sabra, nome dado aos judeus nascidos em Israel numa alusão à fruta do mesmo nome que cresce nos cactus da região, dura e espinhosa em seu exterior ela é suave por dentro. Por sua estatura e seu porte, os grandes óculos escuros e a roupa invariavelmente preta, o primeiro contato é impressionante, principalmente quando se sabe que, antes de ser cineasta, ele foi soldado da Tsahal – o exército israelense. Mas o primeiro sorriso de Amos, ainda no aeroporto de Salvador, confirma a teoria do sabra. Ele é simplesmente adorável. O que não deixa de ser uma agradável surpresa para quem entendeu há muito tempo, que um grande artista não é, obrigatoriamente, um grande ser humano. Amos faz parte da exceção que confirma a regra.
Suas visitas ao Brasil não são nenhuma novidade. Amos já é de casa. Mas se ele já conhecia São Paulo, Rio, Brasília e Manaus ainda não havia tido a oportunidade de conhecer Salvador, para ele terra de Glauber Rocha, cineasta com o qual se identifica graças a suas “imagens ao mesmo tempo poéticas e delirantes”, como disse em entrevista a Ludmila Carvalho do jornal A Tarde.
Amos chegou a Salvador informando a Irène Kirsch que gostaria de prolongar em algumas horas sua estada na capital soteropolitana e poder descobrir a beleza da cidade. Pedido feito, pedido aceito pois a um gênio nada se nega.
Hóspede de Eric e Rose Gugghenheim na charmosíssima Pousada des Arts no bairro de Santo Antônio, com vista para a Baía de Todos os Santos, e em companhia de seu produtor e amigo, Laurent Truchot, Amos não perdeu tempo. Pouco depois de chegar, máquina fotográfica em punho, saiu rumo à Igreja do Paço, estrela do filme O Pagador de Promessas. Logo depois tomou o rumo do Pelourinho, na agenda um encontro com o Secretário de Cultura da Bahia, Marcio Meirelles que o convidara para um caruru dos santos na sede do Balé Folclórico da Bahia. Durante o percurso, feito a pé, os dois tiveram a oportunidade para uma primeira conversa.
Enquanto Laurent traçava o caruru com tudo o que tinha direito, Amos imitava Irène Kirsch e encarava um prato de arroz. A culinária baiana não é para principiantes...depois do almoço visita a igreja de São Francisco e muitas, muitas fotos. Depois a oportunidade de conferir a campanha eleitoral no Brasil, com direito a corpo-a-corpo na frente do Elevador Lacerda.
Acompanhado por Bernard Attal seguiu para a Sala de Arte-Cine Vivo, no Itaigara, em dia de comício e jogo do Bahia, com direito a todos os engarrafamentos da cidade. Mas chegou a tempo de conceder uma entrevista antes do bate-papo com o público onde mostrou não só seus conhecimentos, mas também seu jogo de cintura para fugir de perguntas mal formuladas. Ou das ciladas. Em companhia dos organizadores da mostra na Bahia, Amos terminou sua primeira noite na capital soteropolitana entregue aos prazeres da gula no restaurante Amado.
Na manhã de quarta-feira a melhor de todas as novidades: Amos quer filmar no Brasil, e já escolheu a cidade: Salvador. Segundo ele, belíssima. As negociações devem começar após as eleições e já estou na torcida por Jaques Wagner – para quem não sabe o governador é judeu e fala muito bem a língua de Molière o que facilita as negociações com Amos.
Após o anúncio da novidade, Amos em companhia de Irène Kirsch e Laurent Truchot visitou a feira de São Joaquim, onde fez uma enxurrada de fotos. Se eu fosse Marcio Meirelles já estaria encomendando algumas delas e programando uma exposição, pois além de grande cineasta ele é conhecido pelo seu talento como fotógrafo.
Depois da feira de São Joaquim, Amos fez questão de visitar o Museu de Arte Moderna da Bahia; e sua lente registrou o prédio do Solar do Unhão, sua capela e a escada de Lina Bo Bardi...
Antes de partir rumo ao Rio de Janeiro, pausa na Marina para almoço no Soho, combinado de sushi e sashimi de salmão e atum com cerveja Bohêmia. Na despedida troca de e-mails, telefones, endereços, encontros marcados em Sampa, Paris e Tel Aviv, projetos vários. Deixou de presente um livro para Marcio Meirelles, outro para Monique Badaró e outro para essazinha que vos escreve. Todos devidamente autografados.
Pude observá-lo de perto, segundo Caetano de perto ninguém é normal...sou obrigada a discordar, afora a genialidade que aflora – basta observar a maneira como ele olha o mundo, a maneira como segura a máquina e dirige a lente em uma determinada direção, usando uma determinada luz – ninguém diria que aquele homem imenso, com cara de poucos amigos e sorriso doce, é um dos maiores nomes do atual cinema mundial. Que tenha sido apenas o primeiro de muitos outros encontros. Além de ser um dos meus cineastas preferidos, ele poderia ser um dos meus amigos preferidos. O tempo dirá...

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4710517-EI11348,00-Amos+Gitai+em+solo+brasileiro.html

domingo, 26 de setembro de 2010

SoKo faz show em Salvador



fotos Irène Kirsch

SoKo se apresentou ontem no festival No Ar Coquetel Molotov em Salvador na Concha Acustica do TCA, com patrocínio da Petrobras e o apoio da Embaixada da França e CulturesFrance.