domingo, 30 de outubro de 2011

Estudante da ETUFBA no Théâtre du Soleil em Sampa

Marie na mise en place
Duccio Bellugi-Vannuccini
Serge Nicolaï
Eve Doe-Bruce e Ariane Mnouchkine
Juliana Carneiro da Cunha
Jean-Jacques Lemêtre
Ariane Mnouchkine e Delinda Vilhena
fotos Irène Kirsch
Nos dias 14, 15 e 16 de outubro pude vivenciar umas das mais valiosas experiências da minha vida: conhecer pessoalmente o Théâtre du Soleil.
Acompanhada de minha professora Deolinda Vilhena e da Adida cultural da França na Bahia Irène Kirsch – as quais foram responsáveis por me proporcionar esta vivencia – desembarquei em São Paulo no dia 14 e logo após o almoço fomos ao SESC Belezinho ver de perto o Teatro do Sol em terras brasileiras. O encanto foi instantâneo. A visão externa da tenda era algo incomum a tudo que eu já tinha visto, a visão interna chegava a ser surreal para mim.
Logo após esta primeira impressão começaram a chegar os integrantes do grupo. A primeira pessoa que conheci foi a brasileira Aline Borsari, que já trouxe consigo os primeiros raios de Soleil ao SESC, e depois dela foram chegando os outros para iniciarem as atividades do dia: reunião com Ariane (a diretora do grupo), arrumação do palco para o espetáculo a noite, caracterização dos atores e apresentação do espetáculo. Neste mesmo dia pude ser contagiada com a energia sempre em cima de Jean-Jacques Lemêtre, o qual serei eternamente fã.
E enquanto eu observava a correria do grupo para a preparação do dia de apresentação, eis que chega Ariane até o lugar onde nós estávamos. Fiquei extremamente emocionada por vê-la assim tão de perto, e na hora meu pensamento foi: - Sim! É verdade. Até então a “ficha não tinha caído” ainda sobre o encontro. Até o momento em que eu fui apresenta à Ariane. Neste dia conheci outras pessoas e depois fomos embora. Eu, muito ansiosa, quase não consegui dormir pensando no dia seguinte que enfim eu iria assistir ao espetáculo.
O sábado então chegou. Cheguei no SESC por volta das 15h e fiquei por ali, ainda mais ansiosa, vendo exposição de artes visuais, conversando com pessoas enquanto esperava o momento de ter acesso ao espaço do grupo. Quando abriram os “portões” de acesso, fui logo até a tenda onde poderíamos ver os atores se preparando no camarim – que é aberto a visão do publico –. Lá, filmei, tirei fotos e depois fui ao espaço da livraria, onde algumas pessoas do grupo ficam vendendo os livros, filmes, CDs sobre o Théâtre Du Soleil. Encontrei pessoas muito legais, pude conversar com algumas, e dentre elas a grande atriz brasileira Inês Peixoto do grupo Galpão. Passado este momento “sala de espera”, veio um rapaz que tocava um sino avisando que o espetáculo iria começar.
Do inicio ao fim (4 horas de encenação) foi puro encantamento, e principalmente, de um teatro que eu jamais vi. No fim do espetáculo desci da arquibancada para encontrar minha professora e não tive nem palavras para descrever o que tinha sentido naquela noite. Sentia-me em êxtase, em hipnose ou anestesia. Voltamos para casa no mesmo ônibus do grupo e só reforçava o meu encanto, pois, era claro o fato de que o mais belo não era o espetáculo (apesar de ser muito belo), mas sim a forma como ele foi concebido, a maneira como aquelas pessoas se responsabilizaram por aquele trabalho e a união que há entre elas. Terminamos assim esse dia: com a lembrança daqueles sorrisos e abraços ensolarados.
E então... O dia, para mim, mais importante. O dia que eu poderia estar ainda mais perto. Domingo, dia 16 de outubro de 2011 eu poderia participar da mise-en-place. Ia ajudá-los a arrumar o palco para a apresentação a noite. Cheguei ao SESC 13h aproximadamente, almocei por lá mesmo e fiquei ali até às 15h esperando por eles, enquanto folheava meu dicionário de francês. Até que acabou a reunião e Juliana Carneiro da Cunha veio me avisar que eu poderia começar a ajudá-los. Antes de falar sobre o trabalho, preciso deixar aqui um ponto sobre Juliana: - Nunca vi uma atriz tão bela em cena. Com tanta intimidade com seu oficio. Mas, voltando... Fui à busca de uma equipe de trabalho para começar o meu contato. De inicio fiquei na equipe de Duccio, onde tinha que ajudá-lo na arrumação de alguns adereços. Mas, como não falo quase nada de francês, acabei indo para equipe de Aline, que é brasileira. Nunca estive tão feliz em aspirar pó, arrastar coisas, carregar peso. Tudo me parecia lindo, porque todos ali presentes sabiam o motivo do esforço físico.
Como são muitas pessoas no grupo, a mise-en-place completa não passou de duas horas.
Assim que acabamos de arrumar as coisas, fui com Aline e um outro voluntário como eu, comer. Todo o Soleil comendo junto. Era outra coisa linda de ver. E lá também podemos com muita alegria vibrar pelos 52 anos de minha professora, Deolinda. Terminamos de comer, me despedi de Aline que foi se arrumar e fiquei no foyer esperando a hora do espetáculo.
Mais uma vez assisti aos Náufragos da louca esperança, e gostei ainda mais. Era o ultimo dia de minha aventura no Soleil e teria que me despedir. Tinha em mim dois grandes questionamentos: quero seguir com eles? ou é melhor voltar e tentar fazer no Brasil um grupo tão belo assim?. Até agora não me respondi. Pois sei que as duas vontades são latentes em mim.
O que sei de tudo isso é que em três dias tive um aprendizado de no mínimo três anos. Sei também que agora falo com a boca ainda mais cheia que eles são minha grande referencia de teatro de qualidade e, que juntamente com meu grupo – Caixa Aberta – tenho um grande desejo, o qual utilizarei uma frase do espetáculo para defini-lo: levar os barcos que vagam no escuro a luz obstinada de um farol.

Agradeço mais uma vez a Deolinda Vilhena em primeiro lugar. A Irene Kirsch, e ao Théâtre Du Soleil pela recepção e por me ensinarem como começar a fazer teatro. (Marie Assumpção)

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